Colunistas: Gabriel Alves, Laís Fernandes e Kelvys Louzeiro
Alegria. Diversão. Rock. Imaginação. Como adjetivar o querido Jambo em Corrente/Piauí? Um lugar que reúne memórias juvenis, lembranças de quem passou por lá. Um ponto de encontros e reencontros, de risos, estilo musical marcante e emoções autênticas. Localizada na Rua Desembargador Amaral, o famoso bar – que nos dias de hoje seria o que chamamos de Rock Bar – fundado por Dalmo Luiz Cavalcante Ribeiro nascido na localidade Tabocal em Cristalândia do Piauí em 19/09/1950.
Quando jovem, finalizou o ensino médio em Brasília/DF. Trabalhou no Banco Holandês, até que em uma de suas férias passadas em Corrente abriu mão de vez da Capital. Entendemos o seu Dalmo, quem resiste ao nosso lugarzinho? Já residindo em Corrente, se tornou comerciante junto ao seu pai, Luís Avelino Ribeiro. Este nome te remete a algo? Se fora então, a Escola Municipal localizada no bairro Morro do Pequi leva o nome do pai de seu Dalmo. Conjuntamente, atendiam a região com estoque e fornecimento de produtos. Mas não era suficiente. Ele sabia que sua essência pedia mais.
Seu estilo hippie, sorridente, barbudão, autêntico, também o exigia. Foi então que investiu e montou um bar, intitulado de Jambo, por ter um jambeiro em frente e funcionou por cerca de 20 anos; ponto fiel de representação da sua originalidade. Com o passar do tempo, o lugar acolhia diferentes formas, características, pois cada visitante que por lá passava, deixava sua marca, um objeto, um rabisco, artes e badulaques, uma assinatura na parede. A principal ornamentação foi realizada pelas individualidades de quem se permita registrar e proporcionar memórias no Jambo, lá era possível encontrar esculturas de barro e madeira, desenhos, cartas amorosas, artesanato, couro de boi, bonés, animais entalhados, discos de vinil, era uma caixinha de surpresa, mais de 100 itens exóticos. Como ponto turístico recebeu personalidades ilustres como um dos Presidentes da OAB nacional.
O bar foi ponto de concentração no Corrente Folia, período carnavalesco na cidade, e também, dos blocos Rumbora Amar e Me Leva. O Jambo se tornou lugar onde Seu Dalmo fazia suas próprias reuniões com amigos, como os senhores Beto Garganta, Raimundo Santana, Camargo, Carlos Clayiton, etc. De alegria contagiante e autenticidade, seu Dalmo marcou a vida de inúmeros correntinos que puderam conhecê-lo e desfrutar de um dos ambientes mais distintos que Corrente pôde se privilegiar.
Era espaço fiel dos estudantes da FESPI/UESPI e da Faculdade Cerrado Piauiense no fim de tarde e noite, grande movimento, pois sempre lotava de jovens. Ótimo atendimento, marcou várias fases de vidas, como, por exemplo, da Profª. Dra. Liliane Pereira Campos:
“Eu o chamava sempre de Dalmo Luís !!!! Quando não o via durante o dia na saída do Banco do Brasil, o via durante o intervalo noturno do colégio São José. Dalmo Luís vestia sempre duas camisas: uma vermelha ou branca de listras azuis. Sua personalidade marcante e seu bom gosto musical o permitiu definir que no Jambo só tocaria rock. Vendia sempre suas doses de bebidas alcóolicas no mesmo tipo de copo americano molhado daqueles tanto faz para uísque ou pinga. O Jambo era um bar diferenciado, sem banheiro feminino, sem comida, sem gente chata exigindo. A limpeza era feita apenas no chão, porque o teto era intocável. Isso porque no teto do Jambo tinha a minha, a sua, a nossa história empenduradas por objetos esquecidos ou suvinis deixados ali por anônimos. O dono do Jambo Dalmo Luís criou um bar com a maior identidade cultural de Corrente-PI.”
John Lennon, Bob Dylan, Freddie Mercury não podiam faltar! O cantor correntino, Charles Brau, relembra os seus melhores momentos ao lado de Dalmeira:
“Falar de Dalmo, falar do Jambo, é um resgate a história, a cultura e a arte de Corrente/PI. O bar tinha suas características própria oriundas do seu dono. Não sofria interferência externas. Dalmo com sua barba clássica e o Jambo tinha sua paisagem interna underground e uma potência de estilo de música que fazia a diferença de todo o contesto cultural das noites Correntinas. O som que saía da vitrola, passando pelas caixas até chegar aos nossos ouvidos, tive a honra e o prazer de sermos presentados aos grades sucesso de Bob Dylan, Led Zeppelin, Bob Marley, Pink Floyd, Guns N’ Roses.... Coisas do velho e novo bom Rock and roll. Tive o prazer de ser muito amigo de Dalmo, no qual eu chamava de Dalmera, e tocar um evento, o seu segundo dia de aniversário, quando ele teve problema de saúde e sobreviveu. Ele fez uma festa de arromba em sua casa para seus melhores amigos e clientes, e eu toquei só os clássicos que ele gostava. O sorriso diferenciado e uma gargalhada única tinha a fórmula de conquistar a todos. Todo este cenário fez parte de uma música da Banda Chaplin que dizia " o Jambo lotado essa noite, palco ideal de azarações, sorrisos falsos encomendam" Brau. Vários objetos eram deixados no bar e ele não fazia questão de tirar do lugar, assim como, as telhas de aranhas que era o atrativo no visual do bar. As pessoas deixavam suas marcas pelas paredes, pelas portas, deixando seus nomes e frases. Um dia belo dia encontrei uma frase celebre de um dos frequentadores que dizia: "meia noite e três, eu estou com a cabeça cheia. Mas tudo bem, já é um novo dia." Eduardo. Era o que Dalmo achava mais top das tops. Termino dizendo que Dalmo é um heroico protagonista, de um bar monumental existente na cidade com um estilo diferente, conquistando várias pessoas, em vários anos.”
Ele faleceu em 2015, na localidade Caxingó, deixou 4 filhos, Wandré Luiz Grilo Cavalcante Ribeiro, Camila do Nascimento Ribeiro, Aglaura Grilo Cavalcante Ribeiro e Dalmo Luiz Cavalcante Ribeiro Filho – este, por último, que nos ajudou com os relatos dessa história. E deixou também alegria, jovialidade e saudade.
Após a morte de Dalmo, o bar passou um tempo fechado, os materiais não tiveram reaproveitamento, tudo foi incinerado. Hoje o local está alugado. Mas, sempre carregará a magia da celebração dos bons momentos dos anos 90/2000. Uma história construída por memórias e que hoje desperta inúmeras outras memórias. Dalmo, sua singularidade agracia a história correntina!!!
Depoimentos extraídos de Páginas do Facebook:
Das Coisas de Corrente – PI: " Tio Dalmo do bar Jambo ", assim alguns o tratava carinhosamente, era muito querido por todos; e recebia objetos e bilhetinhos com declarações de carinho, amor e amizade. Todos eram pregados na parede do seu bar. Ahhh se aquela parede falasse! Era um verdadeiro diário carregado de sorte, sim, porque ele dizia que aquelas palavras tinham poder e atraía coisas boas. Alguns dias antes dele falecer, passei lá e nos divertimos bastante lendo cada um daqueles papéis enrolados em teias de aranhas e surrados pelo tempo, ele me deu alguns e pediu que eu os guardasse. Guardei!
Dias depois fui ao seu velório, partiu precocemente, sem avisos, sem dizer adeus, voou deixando bilhetinhos escritos nas nuvens, de um "até breve", Aline. Postada: 27 de março de 2022
A Voz do Coqueiro – Corrente – PI: Uma das principais ruas de comércio de Corrente, a Desembargador Amaral sempre foi endereço de empreendimentos que marcaram a vida de gerações de moradores e visitantes da cidade. Foi ali, pertinho do Banco do Brasil, que há mais de 40 anos, uma das mais badaladas casas noturnas fez historia no sul do Piauí, o lendário Apolo 11, onde hoje funciona o Supermercado Fonseca, era o destino da juventude na década de 1970. [...] Anos mais tarde, do outro lado da rua, surgiria o Maria Fulô. Menos amplo e com cara de noite, tinha luz negra e era embalado pelos sucessos da Era Disco e do nascente boom do rock nacional. [..] Também foi na Desembargador onde, entre o final dos anos 1980 e o começo dos anos 1990, funcionou o Bar do Jambo. Exatamente na esquina da Getúlio Vargas, mesas e cadeiras dispostas sob um jambeiro era o point da rapaziada. Não tinha dancing, a proposta era a diversão ao ar livre. Mas fez historia também.” Postada: 05 de janeiro de 2016
Corrente das Antigas/ Lilia Rachel: “Aaah, bons tempos, saudades do Jambo e de seu Dalmo e seu repertório maravilhoso, predominantemente rock, vez ou outra Chiclete com Banana e nada mais...” Postada: 14 de junho de 2022
Das Coisas de Corrente – PI: “E quem não se lembra das artes e badulaques pendurados nas paredes do bar do Jambo? Desenhos, objetos, fotos, frases e poemas, de momentos, ocasiões e sentimentos. Histórias gravadas, entre copos e garrafas, artistas que amavam, sonhavam e brincavam. Mas só eles viam, só eles sabiam, Dalmo e o pé de Jambo, e sorriam, sorriam dos segredos guardados e do que todos faziam. (CRNSP)” Postada: 13 de maio de 2021
Elza Maria Gurgel Oliveira: Conhecendo a cidade dos meus sobrinhos Bob Mascarenhas e Herbert Mascarenhas [...] e no bar do Jambo de uma figura local Dalmo, local com características marcantes próprias, com carrancas, couro de cobra e outros, muito bom conhecer pessoas e locais novos.” Postada: 15 de maio de 2014
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